Instituto Superior Técnico
Resolução da equação de onda para uma corda vibrante
Resumo
Neste trabalho foram abordados vários casos que envolvem a resolução da equação de onda para uma corda vibrante.
Foi deduzida a equação que governa o movimento de uma corda para pequenas oscilações.
No exemplo 1 foi dada uma solução geral para a propagação de uma onda com qualquer forma inicial, tendo sido obtidas duas funções genéricas que dependem apenas das condições iniciais. Deu-se de seguida uma função particular onde foi explorado o seu comportamento a nível temporal. Para se obterem as reflexões em relação às extremidades da corda utilizou-se o método das imagens.
No 2º exemplo resolveu-se a equação de onda utilizando o método de separação de variáveis e as condições fronteira (corda fixa nos extremos). Utilizaram-se as séries de Fourier para exprimir as condições iniciais e fez-se uma animação para as mesmas. Fez-se também a representação de algumas das harmónicas que constituem o movimento da corda.
No exemplo 3 foi explora uma abordagem que consiste em representar a cora por várias massas igualmente espaçadas entre si. Fez-se então uma adaptação da equação de onda ao problema e obteve-se a solução para n massas obtendo-se uma representação animada do movimento das massas.
em que é
o ângulo que a corda faz com a horizontal no ponto A,
é
o ângulo que a corda faz com a horizontal no ponto B e T é
a tensão na corda
expandindo em série de Taylor no ponto A
e utilizando a Lei de Newton
em que m=μ d x
substituindo-se obtem-se
Fazendo v=em
que v é a velocidade de propagação das ondas na corda,
T é a tensão da corda e μ é a sua
densidade linear ) obtém-se
que é a equaçõa de onda
que se pode também exprimir da seguinte forma
As funções f e g são determinadas pela constantes iniciais:
e fazendo t=0 na resolução da equação obtém-se
Resolvendo em ordem a f [x] e g[x] tem-se que:
Como a função tem que ser contínua e na forma f[x-v t]+g[x+vt] pode-se deduzir que
e sendo z[x,t] combinação linear de f e g a constante c pode-se eliminar obtendo
(em que s é um desvio inicial em relação ao centro da corda, a é abertura da perturbação e b a altura da perturbação inicial) a solução da equação das ondas é
Para representar a propagação da onda é necessário ter em conta que z[0, t] e z[L, t] sejam 0. Assim teremos que defenir mais funções de modo a que simulem a reflexão da corda nas extremidades com o seguinte aspecto
com os valores numéricos de
Fazendo animação da perturbação obten-se
As condições iniciais são:
substituindo na equação das ondas obtemos
em que o lado esquerdo é só função de t e o lado direito é só função de x portanto só pode ser igual a uma constante
Resolvendo as equações
alterando as constantes
A equação
tem como soluções
para não dar soluções triviais
Substituindo em z[x,t] a solução fica da forma
Como há n soluções diferentes podem-se formar combinações lineares destas sendo
em que
em que
Como há n soluções diferentes podem-se formar combinações
lineares destas sendo
e
as constantes correspondentes a cada frequência
e aplicando a técnica de Fourier determinamos
Para uma corda com velocidade inicial igual a 0 e a seguite forma inicial
Para esta forna
substituindo na equação e fazendo o n ir até 10 obtemos a aproximação
obtendo a seguinte animação
Expandindo a solução otemos a soma de várias harmónicas
onde as componentes com n par são iguais a zero.
Algumas das suas harmónicas são:
n=1
n=3
n=5
Teoria
Para uma corda com N massas igualmente espaçadas por uma distância d e comprimento L = (N+1) d, e com força atractiva entre partículas adjacentes T as componentes das forças são dadas por:
em que
é o ângulo que o fio que liga a massa j à massa j+1
faz com a horizontal,
é o deslocamento vertical da massa j em relação ao
ponto de equilíbrio.
A equação do movimento vai ser então dada por =
que representa a equação de onda .
Fazendo obtemos
Obtendo então N equações diferenciais, uma para
cada j e em que as condições fronteira são =0
e
=0
Para N=1 e com velocidade inicial igual a zero obtemos
Para N=2 e com velocidade inicial igual a zero obtemos
Para cada modo próprio obtemos então sempre soluções da forma
Para obtermos as frequências dos vários modos considerando a velocidade inicial 0
Onde se pode eliminar Cos[t ω], resultando
Obtendo então n equações
que é equivalente ao sistema seguinte
Para dar uma solução não trivial, o deterninante da matriz dos coeficientes tem de ser 0
note-se que as frequências têm apenas valores positivos pelo que desprezamos os valores negativos
Exemplo
Fazendo uma animação de um sistema com n massas obtemos uma combinação linear dos modos próprios.
Substituindo as condições iniciais na solução da equação e aplicando as condições fronteira obtém-se:
No exemplo 1 resolveu-se a equação de onda par uma perturbação
inicial dada pela função
e velocidade vinit[x] que podem ser alteradas para uma função
arbitrtrária. Para se observar as reflecções nas extremidades
efectuou-se o método das imagens que consiste em utlizar uma função
no intervalo [-3L,-L] que é a reflecção da forma da
corda em relação ao eixo vertical no ponto x=0 de modo que
anule a forma da corda e quando a perturbação chegue a x=0
seja substituida por uma que provem desta reflexão. Faz-se outra
ainda para o intervalo [L,3L] pelas mesmas razôes. Analogamente fazem-se
funções para anular estas reflecções nos intervlos
[-5L,-3L] e [3L,5L].
No exemplo 2 resolveu-se a equação de um modo geral até
se imporem as condições iniciais. Calcularam-se as constantes
e
fazendo
o integral e considerando uma função ímpar de z inicial
no intervalo [-L,0]. No caso de
se não existir velocidade inicial (é o caso utlizado)
o integral que o define será 0. Para
note-se ainda que as harmónicas pares são 0. Aproximou-se
a forma inicial do fio por uma série de Fourier com número
de parcelas igual a 10. Pensamos ser uma boa aproximação
visto a forma inicial se parecer com a série e o facto da amplitude
das harmónicas decrescer rapidamente. Isto pode verificar-se nos
modos próprios am animação acima. Pode-se, no entanto,
ter uma maior a precisão da aproximação aumentando
o número de termos da série de Fourier, o que causará
um aumento significativo do tempo de cálculo.
No 3º exemplo começou-se por adaptar a equação
de onda ao problema visto haver n massas pendentes nesta. Considerou-se
uma equação para cada massa e resolveu-se o sistema para
n=1 e n=2 e neste último caso verificou-se que a solução
complexa origina duas soluções reais iguais. Verificou-se
ainda que para n massas há n modos próprios e que a solução
de cada massa é combinação linear dos modos próprios.
Ao determinar os modos próprios verifica-se que resultam frequências
simétricas em pares e tanto as frequências positivas como
as negativas definem o modo próprio. No entanto, em termos físicos
desprezamos as negativas. Foram definidas as constantes multiplicativas de
cada uma das frequências próprias em que i é o número
da massa e j é o número da frequência. Se se quiserem
um número de massas maior do que 4 é necessário definir
novas constantes e seus valores. Podem ser representados os modos próprios
do problema com as condições iniciais adequadas.
Pode-se estabelecer uma analogia entre este exemplo e o caso
dos osciladores acoplados visto as equações serem semelhantes
visto cada massa depender também das suas vizinhas e as equações
diferenciais serem da mesma forma. Isto origina tanto modos próprios
como soluções semelhntes. A experiências pode complementar
o exemplo 3 visto ser bastante mais fácil de realizar fisicamente.
Poderiam-se também fazer mais exemplos como por exemplo a corda com os extremos a vibrar sinusoidalmente mas devido ao pouco tempo disponível não foi possível efectuá-los.
"From Calculus to Chaos", David Acheson
"Teoria Elementar de Equações Diferenciais", Luís T. Magalhâes