Ana Luísa Grilo Pinho,nº48146
Clara Ambar de Gusmão Fiúza,nº48149
Hugo Sérgio Monteiro Alves,nº46733
Paulo Alexandre Marreiros Duarte,nº48177
O trabalho realizado consta numa breve introdução a alguns conceitos básicos da Relatividade Restrita de Einstein e à álgebra de transformações de Lorentz, seguido da resolução de dois paradoxos. Um consiste numa barra que se desloca horizontalmente cujo comprimento próprio é igual ao diâmetro de um donut que se desloca verticalmente e, no instante t = t' = 0 os seus centros geométricos cruzam-se. O outro trata-se do célebre paradoxo de uma lança a entrar num hangar.
Em primeiro lugar é conveniente definir a ideia de referencial de inércia, a qual foi fundamental tanto para a Mecânica Clássica como para a Relatividade Restrita.
Um referencial de inércia é aquele em que todas as partículas livres ( ou seja, não sao actuadas por forças ou então são actuadas por um sistema de resultante nula) têm velocidade constante (i.e., aceleração nula). Pode-se dizer que o "verdadeiro" referencial de inércia ( o referencial absoluto) é uma abstracção que não existe; o que existe são regiões relativamente isoladas onde as acelerações podem ser desprezadas, sendo os referenciais ligados a essas regiões aproximadamente referencias de inércia.
Da Mecânica Clássica podem-se salientar dois aspectos: todas as leis da Mecânica ( em geral ) têm a mesma forma em todos os referenciais de inércia; existe relatividade no espaço mas o tempo é absoluto e as distâncias espaciais são invariantes.
Porém apareceram umas quantas "dificuldades" que puseram em causa os postulados da Mecânica Clássica, tais como o facto das leis do Electromagnetismo não ficarem invariantes na mudança de um referncial de inércia para outro e também pelo resultado da experiência de Michelson-Moreley de que a velocidade da luz não obedece à lei da adição das velocidades ( se fosse a velocidade de um referencial S em relação a um referencial S' que se movesse a velocidade
, a sua velocidade seria
+
mas tal nao se verificava, pois continuava a ser
).
Perante isto apareceram diversas explicações ( hoje afastadas como sendo incompletas e complicadas ) até que em 1905, Einstein propôs uma nova Física assente em dois postulados básicos: as leis da Física são as mesmas em todos os referenciais de inércia ( ou seja, o princípio da relatividade é válido quer para a Mecânica quer para o Electromagnetismo ) e a velocidade da luz no vácuo é constante independentemente da velocidade do observador e da fonte ( ). Assim modificou-se a transformação de Galileu mas supôs-se que a nova transformação era ainda linear (pois a lei da inércia é um dos princípios fundamentais da Mecânica Clássica e Einstein mantém-na na Relatividade Restrita) e considera-se que um movimento rectilíneo uniforme relativamente ao referencial de inércia S também o seja relativamente a S'.
A lei de transformação de coordenadas entre dois referenciais de inércia S e S' no caso da Relatividade Restrita ( a denominada transformaçao de Lorentz ) é dada pelas seguintes equações:
x' = x =
y' = y y = y'
z' = z z = z'
t' = t =
( é de salientar que as transformações perdem o significado para v>=c, o que é corroborado pela experiência)
Se considerarmos uma barra rígida AB fixa em S' paralela ao eixo O'x', temos que
( -
= (
-
)
ou seja
Δl = Δl' que traduz a contracção de Lorentz ( contracção do espaço).
Por outro lado, considere-se um relógio fixo em S'. Tem-se que
( -
=
ou seja
Δt = que traduz a dilatação de Einstein ( dilatação do tempo).
Quanto às velocidades :
d x = dy = dy' dz = dz' dt =
Daqui obtemos:
=
=
=
=
=
=
Verifica-se também que
Esta expressão veio a revelar que o conjunto dos acontecimentos forma um espaço quadridimensional, o qual é hoje conhecido por espaço-tempo ( ou Universo de Minkowski ) e a designa-se por intervalo do Universo.
Um sinal luminoso que se propaga no espaço do referencial S a partir de certo ponto descreve um cone quadridimensional ao qual se chama cone de luz. Este existe no espaço-tempo independentemente do referencial. Como nada se propaga mais depressa do que a luz, o cone divide o espaço-tempo em três regiões:
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_44.gif]](Images/PREPOLLO_gr_44.gif)
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_46.gif]](Images/PREPOLLO_gr_46.gif)
Lorentz é uma função cujo argumento é v ( velocidade de um referencial relativamente ao outro) a qual retorna a matriz que transforma o vector {x,y,z,τ} num referencial no vector {x',y',z',τ'} correspondente no outro referencial. Alternativamente, a mesma matriz pode transformar o vector das energias e momentos correspondentes a um referencial no vector
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_49.gif]](Images/PREPOLLO_gr_49.gif)
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_50.gif]](Images/PREPOLLO_gr_50.gif)
comprimento[ l, v] é a função que determina um comprimento l' num referencial em função do comprimento l no outro referencial. é a uma função para ser utilizada com os seguintes argumentos
[
,v], em que
é o vector {
} das componentes da velocidade no primeiro referencial.
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_57.gif]](Images/PREPOLLO_gr_57.gif)
Resolução:
referencial do" donut"
já sabemos que no instante em que o donut cruza o eixo dos xx o centro da barra se encontra na origem: vamos achar o comprimento da barra
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_58.gif]](Images/PREPOLLO_gr_58.gif)
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_60.gif]](Images/PREPOLLO_gr_60.gif)
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_61.gif]](Images/PREPOLLO_gr_61.gif)
referencial da barra
com a função lorentz vamos achar as coordenadas dos extremos da barra correspondentes , tendo em conta que v = 0.9c para mudar o sinal de v na matriz Lorentz e com a dunção
No referencial da barra iremos ter o tempo t
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_63.gif]](Images/PREPOLLO_gr_63.gif)
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_64.gif]](Images/PREPOLLO_gr_64.gif)
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_66.gif]](Images/PREPOLLO_gr_66.gif)
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_68.gif]](Images/PREPOLLO_gr_68.gif)
φ é a função que acha o ângulo que o donut faz com a horizontal e cujos argumentos são a velocidade do donut no seu referencial e a velocidade relativa entre os 2 referenciais
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_72.gif]](Images/PREPOLLO_gr_72.gif)
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_73.gif]](Images/PREPOLLO_gr_73.gif)
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_74.gif]](Images/PREPOLLO_gr_74.gif)
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_75.gif]](Images/PREPOLLO_gr_75.gif)
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_76.gif]](Images/PREPOLLO_gr_76.gif)
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_77.gif]](Images/PREPOLLO_gr_77.gif)
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_79.gif]](Images/PREPOLLO_gr_79.gif)
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_80.gif]](Images/PREPOLLO_gr_80.gif)
Em primeiro lugar vamos determinar a velocidade relativa entre os 2 referenciais que satisfaça a condição dos comprimentos dos objectos num referencial (que não seja o seu) serem metade dos seus comprimentos próprios.
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_203.gif]](Images/PREPOLLO_gr_203.gif)
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_204.gif]](Images/PREPOLLO_gr_204.gif)
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_206.gif]](Images/PREPOLLO_gr_206.gif)
referencial do palheiro
como já foi referido no enunciado, a lança sofre uma contracção, ficando com 10 m de comprimento neste referencial, ou seja, a ponta da lança começa a sair do palheiro no mesmo instante ( no tempo deste referencial ) em que a outra extremidade da lança entra nele.
Sejam os acontecimentos A ( em que a ponta da lança chega ao fim do palheiro) e B ( em que a outra extremidade da lança entra no palheiro). Estes acontecimentos ocorrem no mesmo instante deste referencial.
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_208.gif]](Images/PREPOLLO_gr_208.gif)
referencial do homem
Neste referencial o palheiro sofre uma contracção de Lorentz e fica com 5 metros de comprimento, enquanto que a lança tem 20 m.
No referencial do palheiro tem-se = 10 e
= 0. Usando a transformação de Lorentz obtemos este intervalo de tempo no referencial próprio da lança:
![[Graphics:Images/PREPOLLO_gr_263.gif]](Images/PREPOLLO_gr_263.gif)
Como se pode ver, A e B não são simultâneos neste referencial, ou seja, as duas extremidades da barra não "tocam" nas paredes do palheiro mesmo instante!
Ao resolver os paradoxos à luz da Relatividade Restrita damo-nos conta de que o modo como "a acção se desenrola" não é de todo previsível a mentes habituadas a pensar segundo a Mecânica Clássica.
Ao debruçarmo-nos sobre um problema sob o ponto de vista da Relatividade, há que ter presente não só a ideia da contracção do espaço mas também a da não simultaneidade dos acontecimentos, facto este que foi bem salientado no exemplo da lança e do palheiro.
A visualização do
Podemos dizer que a operação de passagem ao limite não se pode transferir "inocentemente" da matemática para a física: não faz sentido tender para infinito a velocidade de um corpo ou de um sinal, no nosso universo a velocidade da luz é a velocidade limite.
Taylor, E. F.; Wheeler, J.A., A la découverte de l'espace temps et de la physique relativiste, Dunod, Paris, 1970
Rodrigues, J. M. R., Introdução à teoria da relatividade restrita, IST Press, Lisboa, 1998
Noronha, A., Brogueira, P., Exercícios de Física, McGraw-Hill, Amadora, 1994
Deus, J. D., et alii, Introdução à Física, McGraw-Hill, Portugal, 1992